VIAJANDO NO TEMPO...
Após a leitura e discussão dos livros em quadrinhos “Dom Quixote”, uma adaptação do clássico de Miguel de Cervantes feita e ilustrada por Marcia Williams, e “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, adaptação da obra de Lima Barreto assinada por Luiz Antonio Aguiar e César Lobo, os alunos dos sextos anos C e D vivenciaram uma aula interdisciplinar de Português e História.
Na ocasião, os professores Bruna Bandeira e Gustavo Vilar procuraram contextualizar as obras com relação tanto aos seus aspectos literários quanto ao momento histórico retratado em cada uma: a Idade Média vivida tardiamente por um “cavaleiro” espanhol em plena Idade Moderna e as desventuras de um nacionalista brasileiro fascinado pelas nossas raízes culturais que se vê envolvido pela República recém-proclamada e pela Revolta da Armada.
Os alunos puderam perceber, assim, um traço em comum nos livros lidos: ambos se centram em personagens que viveram “fora de seu tempo” e que eram tidos como loucos por conta do fascínio que cultivaram pelos estudos desse tempo pregresso. E também eles, os alunos, foram convidados a viajar no tempo... Aproveitando os conteúdos estudados em História sobre a Idade Antiga, escolheram uma civilização desse tempo e produziram os textos que aqui estão. Boa viagem a vocês também, queridos leitores!
Meu Triste Fim
Por Agatha Maria e Eduarda
Estamos no ano de 2014, mas minha mulher e sua irmã talvez não achem isso... Já não sei mais o que fazer, elas não fazem mais nada além de ler livros sobre a Antiguidade, sobre os escravos. Um dia, as peguei fingindo que eram escravas, mas não interferi. Elas estavam até chicoteando uma à outra. Fiquei preocupado...
Ontem, as duas nem tocaram na comida, disseram que os escravos mal tinham o que comer e a gente estragando.
Já está tarde, mas elas continuam dormindo, com expressões cansadas e algumas marcas no corpo, que nem... escravas. Hoje as duas estavam agindo totalmente como escravas, disseram que queriam mostrar para as pessoas como nossos antepassados eram maldosos e como os escravos sofriam. Também falaram que algumas pessoas ainda tratam os pobres como escravos e queriam acabar com isso.
Após o almoço, saíram de casa com placas e cartazes. Perguntei o que iam fazer, elas falaram que queriam acabar de vez com a escravidão. Tentei impedi-las, mas estavam decididas. Logo foram juntando gente, alguns contra e outros a favor da ideia. Depois de minutos, que na verdade pareceram horas, a multidão já estava formada. Pude observar algumas brigas entre pessoas que pensavam diferente, mas nada muito grave. Mal sabia eu que o pior ainda estava por vir.
Lá para o fim da tarde, algumas pedras começaram a ser lançadas no ar. Vinham de pessoas contra e iam de pessoas a favor. A última coisa que pude observar foi minha mulher e minha cunhada caindo no chão. Logo após, a escuridão dominou.
Dias depois, acordei. Disseram-me que, no protesto, uma pedra atingiu minha cabeça e eu fiquei em coma. Foi aí que veio a notícia trágica: para desviar de uma pedra, minha mulher se jogou no chão, bateu a cabeça muito forte, teve traumatismo craniano e morreu. Minha cunhada, quando viu sua irmã caindo, se abaixou para ajudá-la, foi pisoteada e morreu a caminho do hospital.
E assim eu fiquei, sem mulher, sem cunhada, sem amor... sofro de depressão.
Balson e o Egito Antigo
Por Amanda e Beatriz
Um belo dia, Balson, um menino que morava nas ladeiras de Olinda, estava na escola aprendendo um novo conteúdo de História: o Egito Antigo. Ele se aprofundou tanto no tema que começou a pensar que tinha voltado no tempo para a Antiguidade. Seus pais começaram a se preocupar. Colocaram Balson no psicólogo, mas não tinha jeito. Na escola, tentava fazer todo mundo obedecê-lo, pois pensava que tinha se tornado Faraó e podia mandar em todos.
Dizia, na aula de Religião, que ele era o Deus do Fogo e mandava no Universo com outros deuses, ordenando todos serem politeístas. Ele gritava com os hebreus (judeus) do colégio, exigindo que construíssem pirâmides, estátuas e monumentos da arquitetura egípcia para ele. Parou uma menina da sua sala com um grito, ordenando que ela fosse sua Cleópatra, e disse que juntos teriam um filho que seria seu sucessor, ou seja, quando Balson morresse, seu filho se tornaria Faraó. Começou a pensar que todos faziam parte do seu exército, afirmou que ia dar um cargo administrativo para seu irmão e começou a chamá-lo de Shameimá-al Hacid.
Seu pai o mandou para o Hospital Psiquiátrico das Ladeiras de Olinda, sob recomendação da escola. Estava decepcionado com Balson, ou Goli-Mar, como ele se dizia.
Quando saiu do hospital psiquiátrico, aos 30 anos, Balson ainda não tinha tirado o Egito de sua cabeça e saiu para proclamar seu reinado de Faraó, dizendo para todos se curvarem diante dele. Ninguém se curvou, as pessoas só ignoraram e riram, chamando-o de maluco. Goli-Mar falou que isso era um insulto e rogou pragas para as pessoas.
Um ano depois, Balson soube que seu pai tinha falecido e mandou os hebreus (judeus) de sua rua construírem uma pirâmide para seu pai retornar à vida com Anúbis e Osíris. Exigiu que mumificassem seu pai, retirando seus órgãos, exceto o coração, e lhe dessem instrumentos de valor para ajudar seu pai na volta à vida.
Mas, para sua infelicidade, ninguém fez absolutamente nada. Pensaram que ele só podia estar brincando ou tinha fugido do hospício. Goli-Mar resolveu então ele mesmo mumificar seu pai, mas sua mãe o impediu dizendo que seu pai preferia ser enterrado e que não ia deixar Balson mumificar seu marido de jeito nenhum.
— Ser enterrado é para os insignificantes! Meu pai vai ter uma pirâmide só para ele!!!
A mãe resolveu junto com seu irmão que ia levá-lo para o hospício. Passaram-se 20 anos e quem morreu foi a mãe de Goli-Mar. Passaram-se mais 20 e quem faleceu foi seu irmão. Balson só anotava tudo no seu livro dos mortos, em hieróglifos, pois tinha estudado a vida inteira sobre o Egito, e claro que ele também ia aprender a escrever como os antigos egípcios.
Mais 15 anos se passaram e Balson, velho, quase morto, caduco, solitário, considerado louco, triste, num hospício, pôde finalmente descansar em paz e ir para o Paraíso com Anúbis e Osíris. Porém, o Antigo Egito NUNCA vai sair da mente de Balson, mesmo ele estando morto.
Bob e suas histórias
Por Diogo, Eduardo e Nilton
Um belo dia Bob estava lendo novamente um dos seus livros sobre o Egito Antigo quando não se sentiu bem. Ele gostava muito desse tipo de livros e não deixava de ler por nada. Mas, de tanto ler, ficou louco. Teve um desmaio, perdeu a consciência e, quando acordou, pensou que estava no Egito Antigo. Ele estava vendo pirâmides, rio Nilo e tudo o que lembrava o Egito Antigo.
Um dia, quando estava indo para o seu trabalho na fábrica de reciclagem, ele pensava que estava indo para uma fábrica de vinho. Quando saiu da fábrica, passando por um museu, viu coisas do Egito Antigo. Quando entrou, viu uma estátua do Faraó e começou a apreciar e reverenciar a estátua como se fosse um Faraó de verdade falando:
— Ó, grande Faraó, liberte os escravos.
Todas as pessoas que passavam por Bob ficavam olhando e falando:
— Está louco!
Bob estava reverenciando o “Faraó” quando, sem querer, acabou batendo na estátua, ela caiu no chão e quebrou. Os guardas do museu prenderam Bob e levaram-no para a prisão.
Ele ficou mais louco ainda porque estava preso e longe dos seus livros que tanto adorava e, por isso, terminou morrendo na cela da prisão de depressão.
O Faraó Joe
Por Elian e Rafael
Certo dia, Joe foi para a escola muito desinteressado porque naquele dia tinha aula de História. Na aula, o seu professor, chamado Gustavo, pediu que todos os alunos estudassem o Egito Antigo, para a ficha avaliativa, no capítulo 6 do livro de História.
No começo ele não gostou muito, mas, quando começou a se aprofundar mais, não conseguia parar de ler o capítulo, pois o assunto era muito interessante. Além de Joe tirar uma ótima nota na ficha avaliativa, ele não parava de ler sobre o Egito Antigo em outros livros. A partir daquele momento, todo dia à noite Joe ou pesquisava na internet ou assistia filmes e documentários sobre o assunto.
Quando ficou adulto, ainda lia sobre o Egito Antigo. Um dia Joe, com muito sono e de tão zonzo, bateu a cabeça bem forte na quina da mesa onde constava o seu computador, no qual estava pesquisando.
Quando acordou, Joe se viu em um palácio e vestindo roupas bordadas com contas e utilizando joias, se achando mais que um rei, se achando o Deus do Sol. Portanto, ele se ergueu e falou: “Sou o Faraó, governo o Egito de forma absoluta: sou a maior autoridade religiosa, política, administrativa, jurídica e militar. Durante minha vida, sou o Deus do Sol, às vezes o Deus Hórus, o Sol nascente, e às vezes Rá, o Sol em seu esplendor! Sou temido, venerado, respeitado e considerado o responsável por tudo o que acontece no meu Egito, até mesmo as cheias do Nilo”. Após isso, ele olhou pela janela para ver como estava “seu Egito”.
Joe nem imaginava que, na verdade, estava apenas em casa, e não em um palácio. Ele estava falando tudo aquilo para seu filho Bob, sua esposa Alexandra, sua mãe Valquíria e seu pai Walter, que estavam preocupados de ele estar maluco. Sua família estava tentando mantê-lo em casa, mas, quando eles o tocaram, Joe ficou totalmente histérico e correu para a rua.
A família dele, sem entender, tentou procurar a raiz desse problema nos filmes a que ele andava assistindo, nos sites que ele andava frequentando e até em livros que ele costumava ler.
Seis horas depois, Valquíria achou vários sites, que estavam nos favoritos do computador de Joe, e percebeu que eram todos sobre o Egito Antigo. Nos sites, constavam histórias sobre Faraós, pirâmides, religião politeísta, hieróglifos, deuses que podiam ter forma humana (antropomorfismo), animal (zoomorfismo) ou mesmo as duas formas juntas (antropozoomorfismo).
Quando saiu de casa, Joe saiu bem desorientado, por isso optou por ir para o local mais próximo. No fim, deu de cara com uma igreja e viu que várias pessoas oravam para um ser chamado Jesus. Ele enojado, pois não admitia o monoteísmo em “seu Egito”, saiu de perto.
Todos o olhavam estranho porque ele usava uma maquiagem muito forte — quando não seria necessária, porque o objetivo da substância que botavam nos olhos no Egito era para diminuir a incidência dos raios do Sol, mas hoje já inventaram os óculos escuros, por isso utilizá-los hoje em dia não faz sentido —, uma saia de mulher cheia de pedrinhas de plástico e todas as joias de sua mãe, então pensavam que aquele rapaz estava pedindo para ser assaltado. Na cabeça dele, quase todos que olhavam eram escravos, sendo uma parte do povo hebreu, que hoje são mais conhecidos como judeus.
Sua família finalmente o achou, porém em um beco escuro e estreito, inconsciente. Após isso, o levou a um manicômio, onde foi diagnosticado e viram que o que ele tinha era permanente e não tinha tratamento. Porém, quando seus parentes saíram da sala em que estava para deixar que repousasse, Joe saiu do manicômio, sem deixar absolutamente nenhum rastro.
Como não estava bem situado, foi para o seu “palácio”, pois queria ver como estava o “seu Egito” pela janela. Em sua cabeça, viu que o Egito estava do jeito que ele tinha visto na primeira vez que olhou pela janela. Por isso, saiu de sua casa e disse furioso que todos tinham que trabalhar para ele e construir um Egito cada vez maior.
Muitos olhavam para ele e diziam que ele não batia bem da cabeça, porém outras pessoas diziam que não queriam trabalhar para ele, juntando, assim, cada vez mais pessoas que eram contra Joe. Por isso recorreu ao conhecimento, pois sabia que havia pessoas que se opunham a ele. Leu alguns livros, que em sua imaginação eram hieróglifos, e a partir daquele momento sabia o que era para ser feito.
Ele novamente saiu de casa e resolveu fazer como Menés, que venceu seus opositores sob a proteção de Hórus (o falcão). Ele saiu destemido, pois, mesmo que morresse com tantos opositores, depois de morto, seria identificado como Osíris, o Deus dos mortos e da ressurreição, além de que ele pensava que todos os poderes que tinha enquanto Faraó iriam passar para o seu filho Bob.
Joe, quando saiu de casa, começou a fazer um discurso para uma multidão que estava se aglomerando dando voltas no quarteirão, dizendo que iria vencê-la, custasse o que custasse, muito calmamente, pois uma característica dos egípcios era de acreditar na vida após a morte. Porém, quando Joe terminou o seu discurso, já estava morto.
Agora seus parentes passam por grandes dificuldades emocionais, pois perderam Joe e, por saber que isso seria uma das vontades dele, o mumificaram, o colocaram em um túmulo e deixaram um trecho do Livro dos Mortos, uma espécie de manual com fórmulas mágicas, hinos e orações que poderiam ajudá-lo na passagem entre os mundos.
* Algumas informações foram retiradas do livro: Patrícia Ramos Braick - Estudar História: Das origens do homem à era digital 6 - Capítulo 6 - páginas 93, 97 e 98.
A aventura de Pedro e Gabriel
Por Helena e Letícia
Era uma vez, nos dias de hoje, dois amigos. Um se chamava Pedro e o outro, Gabriel. Nascidos no Brasil, o sonho deles era ser historiadores, pois gostavam muito de ler livros sobre História, principalmente aqueles que falam dos egípcios da Antiguidade. Como liam muito esses livros, acabavam criando o hábito de viver como se tivessem na época deles.
Um belo dia, Gabriel teve uma ideia: era de largar tudo, estudo, família, amigos etc… Essa ideia surgiu a partir de uma proposta para eles irem para o Egito. Pedro, por sua vez, aceitou, pois ele sempre concordava com tudo que seu amigo falava.
No mesmo dia, eles arrumaram a mala e partiram para o Porto de Paris. Chegando lá, encontraram um belo navio. Era enorme e os levaria para o Egito. Como Gabriel e Pedro adoravam a mitologia egípcia, acharam que o mar era o Rio Nilo:
— Como esse rio é belo, deve ser ótimo para os hebreus pescarem seus peixes! — falou Pedro.
— Ah, claro, o Rio Nilo é cheio de peixes! Mas, Pedro, ainda não chegamos ao Egito, então por que você falou que o mar era o Rio Nilo? Calma, sei que você está ansioso, as não precisa disso.
Passaram alguns minutos e lá vinha um grande navio, com um homem bem forte na ponta, fazendo as águas do mar balançarem até formar grandes ondas. Gabriel, como é muito estudioso e observador, falou:
— Nossa, Pedro, veja isso! O Faraó tá vindo ali no seu barco, temos que saudá-lo, ele é praticamente um Deus, e a gente com essa roupa? Nem vamos poder falar com essa imagem de nobreza tão incrível. Vamos ser tratados como escravos...
Quando perceberam que os navios estavam se aproximando, Gabriel e Pedro ficaram preocupados e se perguntaram:
— Será que o Faraó irá descer? Ou os navios irão bater? — os dois na mesma hora.
Ele acabou descendo para o outro navio, cumprimentando os passageiros. Pedro, que é bem tímido, falou:
— Gabriel, ele tá vindo pra cá, o que eu faço? Dou um presente? Meu cinto? Meu chapéu? Minha cueca?
— Relaxa, Pedro, ele não vai fazer nada com a gente, calma. Não chama muita atenção.
A cada segundo, o “Faraó” só ia se aproximando de Gabriel e Pedro, deixando-os mais nervosos. Ele logo falou quando se aproximou dos dois:
— Bom-dia, passageiros, sou o dono deste navio, desejam alguma coisa?
Pedro, como era muito medroso, nem entendeu a fala do “Faraó” e logo disse com uma voz tremida:
— Valei-me todos os deuses, Ave Maria, me protejam! Ísis, Osíris, Anubis, Amon, Ptah, Sobek… Joguem poderes em cima de mim e me deem roupas adequadas, eu não posso saudar um “Faraó” desta maneira…
— Quê? Você está falando comigo, jovem? Não conheço esses nomes, mas espero que não sejam coisas ruins, não quero maldições no meu navio.
A viagem seguiu sua rota até chegar ao Egito, lá pararam no porto, mas não tinham carona. Então viram um carrão e dentro tinha uma bela mulher, cheia de joias, cabelos pretos e olhos azuis como o céu. Gabriel então gritou:
— Cleópatra! Você pode dar uma carona até o hotel da cidade para mim e para o meu amigo?
— Primeiro, eu nem conheço vocês; segundo, eu não posso colocar dois estranhos no meu carro; e terceiro, meu nome não é Cleópatra, mas, como vocês são pré-adolescentes, podem entrar.
O marido da moça também estava no carro, mas no banco do passageiro. Logo que os meninos entraram, ele falou com uma voz um pouco grossa:
— Fiquem à vontade, meninos, mas com uma condição: logo que chegarem ao destino de vocês, os dois pirralhos têm que dar uma recompensa para mim e para a minha esposa.
— Ah, claro, já estamos com a recompensa guardada, Majestade! — exclamou Pedro.
O homem, sem entender o porque do “Majestade”, falou:
— Que majestade o que, menino?… Muito prazer, mas o meu nome é Jonas.
— Na-na-ni-na-nã, você é um Faraó! Incrivel né, Pedro, encontramos um já no Porto de Paris e este já é o segundo… Muito suspeito.
Gabriel, em seguida, perguntou:
— Nossa Majestade, estamos aqui para conhecer um pouco o país… Você poderia nos levar aos pontos turísticos da região?
— Bom, só depende da motorista, né amor? — falou o Jonas.
— Se depende de mim, eu levo vocês, pois gostei muito dos dois! — exclamou a esposa.
Depois de bater muito papo, eles chegaram ao seu destino e o Jonas logo se lembrou da recompensa e pediu o dinheiro. Gabriel entregou e, logo depois, saiu do carro. Jonas, por sua vez, pediu para a esposa não seguir logo, pois queria conferir o dinheiro. Quando viu o dinheiro, tomou um grande susto e exclamou:
— Isso nunca foi dinheiro!
Gabriel falou:
— Claro que sim, está aí o seu “Deben”.
— Deben??? Como assim? Eu pedi em dólar, e não neste tipo de moeda.
— Ah Majestade, essa é a moeda que foi usada no Egito Antigo e, como gosto muito do país, eu ganhei da minha mãe essas moedas.
— Mas para que eu vou usá-las?
— Para se lembrar da gente, né? Gostei muito do senhor, então quero recompensá-lo com isso!
Jonas, sem entender muito as coisas, aceitou o dinheiro e lembrou mais uma coisa:
— Meninos, amanhã, às nove horas da manhã, eu venho buscar vocês para conhecerem as pirâmides.
— Claro! Nosso lugar favorito! — falaram os dois.
— As pirâmides são um lugar maravilhoso... Cheio de turistas! — exclamou o Jonas.
— Ok, Jonas, estaremos aqui no horário combinado — falou Gabriel.
Os dois meninos subiram para os seus apartamentos. Quando chegaram lá, ficaram encantados com o luxo e nem precisou chegar direito que já deitaram em suas camas. Pedro falou:
— Veja isso, nossas “esteiras” são bem acolchoadas e fofas!
— Pois é! — disse o empolgado Gabriel.
Depois de tomarem um bom banho e se arrumarem para dormir, os dois foram rezar. Mas Pedro estava um pouco estranho, com um tremido forte e dor de cabeça, porém nem disse isso a Gabriel. Mesmo assim, o amigo percebeu e falou:
— Pedro, você está um pouco estranho... Quer ir ao Hospital?
— Pensando bem... eu quero sim — disse Pedro.
Os dois saíram direto para o Hospital. Chegando lá, viram um senhor na maca com joias pesadas e brilhantes, e Gabriel logo disse:
— Este senhor não está vivo, Pedro… Temos que fazer alguma coisa rápido.
— Eu também acho — Concordou Pedro.
O senhor estava morto, apenas com um tubo de soro fisiológico. Os dois meninos empurraram a maca até chegar a uma salinha escura e lá improvisaram um “processo de mumificação”. Tinha papel higiênico na sala e eles enrolaram o senhor até ficar todo coberto, deixaram o corpo lá e foram embora. Pedro entrou na sala do médico e saiu na mesma hora porque a dor de cabeça e o tremido dele passaram em um instante. Gabriel falou:
— Poxa, Pedro, fizemos praticamente uma viagem perdida.
— Mas minha dor de cabeça e meu tremido passaram, então temos que voltar para o hotel.
Voltaram para o hotel e logo foram dormir, pois no dia seguinte tinham que acordar cedo. Na manhã seguinte, acordaram bem cedo, se arrumaram e desceram para a entrada do hotel, esperar Jonas e sua esposa. O casal já estava lá à espera dos meninos para partirem para as pirâmides. Jonas falou:
— Meninos, temos que ir o caminho inteiro sem dar um pio, pois esta será a recompensa da carona até as pirâmides.
Os meninos acharam estranho, mas aceitaram. Quando chegaram às pirâmides, ficaram encantados com a arquitetura simples, porém encantadora. Eles se divertiram muito quando entraram lá e viram várias pirâmides.
A viagem estava acabando e eles iriam voltar para Paris, então o Jonas os deixou no hotel, eles arrumaram a mala e foram para o aeroporto.
Quando chegaram lá, se despediram dos amigos que tinham feito no Egito e marcaram uma viagem todos juntos para a Grã-Bretanha. E assim foi a viagem ao Egito de dois meninos apaixonados por História.
As leituras de Zé
Por Luiz Eduardo
O nome dele é Zé, mora em uma mansão e é fanático por livros egípcios. Aprendeu a linguagem hieroglífica em um ano, além de ter 70 livros egípcios ( claro que na internet, mas nem por isso ele deixa de ter livros sem ser na rede). Toda noite sonha que é o Faraó, que está construindo a maior pirâmide já feita para ser seu túmulo.
Um dia, na escola, deu a louca nele e ele começou a achar que era o Faraó de verdade. Mandou todos irem pegar água no Rio Nilo para ele, além de mandar a professora limpar seus pés. Achou que o diretor era um sacerdote e mandou-o pedir proteção para o seu reino.
As pessoas, sem entender nada, chamaram uma ambulância e disseram que ele estava louco. Ele, quando entrou na van, achou que era um transporte para levár-lo para algum outro lugar. Quando chegou ao hospital, viu as pessoas com seringas de calmante, achou que seus súditos tinham-no traído.
Quando o diretor foi vê-lo, Zé achou que ele também o tinha traído e feito um tipo de maldição sobre ele. Zé acabou dormindo, o médico acabou dizendo que tinha sido um delírio e que provavelmente aquilo não iria acontecer mais, porém não era para deixá-lo sem ler mais livros egípcios.